Uma nova denúncia envolvendo a frota da Saúde de Itararé reacendeu a crise na administração municipal e expôs a pressão crescente sobre a secretária Tais Chagas Felix, que assumiu o cargo após a renúncia do então secretário Dr. Enis Wumberto dos Santos, ortopedista anunciado pelo prefeito João Fadel como nome técnico para a gestão de 2025.
Segundo apuração preliminar da reportagem, tanto Enis quanto Tais teriam sido indicados por articulação atribuída ao empresário Carlos Alberto Kubota, figura conhecida politicamente na região. Kubota já teria tentado, segundo relatos de integrantes da gestão anterior, influenciar a administração do ex-prefeito Heliton do Valle, que teria rejeitado a investida. Moradores e servidores afirmam que Kubota “circula frequentemente” por Itararé e seria presença constante em reuniões reservadas, embora a Prefeitura não confirme oficialmente qualquer vínculo formal.
A denúncia atual envolve a suposta paralisação de 18 veículos essenciais para o transporte de pacientes, atendimentos de emergência e atividades administrativas. O conjunto inclui ambulâncias, vans, micro-ônibus e automóveis leves.
A LISTA COMPLETA DA FROTA PARADA
Segundo documentos consultados pela reportagem, os veículos supostamente inoperantes incluem:
Ambulâncias – Placas: DVR3I22, ELD4I11, DJP8445, EEF3135, DDF5119
Micro-ônibus – Placas: GHB8J87, FUP6D23, CUB3299
Vans – Placas: FNS5687, DMN5D28
Carros administrativos – Placas: FGW5J95, ETA7C98, BRQ7828, BXD0C75
Spin – Placa: FLV4J83
Doblò – Placa: GHH7A68
Kombi – Placa: EOD8095
Camionete – Placa: BFY8356
A van FNS5687, segundo os denunciantes, estaria parada desde setembro de 2024, ultrapassando um ano de inatividade sem substituição operacional.
APURAÇÃO DOCUMENTAL: REGISTROS DE PEDÁGIO SUGEREM INATIVIDADE PROLONGADA
A reportagem analisou o PDF enviado por denunciantes com os registros de pedágio dos veículos entre junho e novembro de 2025. Nos relatórios, a ausência de movimentação detectável aparece em diversos meses, indicando que parte significativa da frota não realizou deslocamentos monitorados por longos períodos.
A atual denúncia não é um episódio isolado. A reportagem já publicou três matérias anteriores envolvendo a gestão da secretária Tais Chagas Felix, todas relacionadas a possíveis falhas administrativas, reclamações de servidores, dificuldades operacionais e episódios de conduta incompatível com a função pública. Em todas as ocasiões, a Prefeitura foi formalmente questionada pelo jornal, mas nenhuma resposta oficial foi enviada até o momento.
Além disso, nenhuma medida administrativa visível foi tomada pelo governo municipal, mesmo após a repercussão e o impacto direto das denúncias sobre o atendimento da população.
Para especialistas ouvidos reservadamente, a repetição de denúncias sem retorno institucional reforça a percepção de blindagem política e indica um ambiente de baixa responsabilização dentro da gestão, especialmente em uma pasta tão sensível quanto a Saúde.
Veículos com maior tempo parado (dados do PDF)
Com base na análise documental :
- Ambulância ELD4I11: 5 meses sem circulação (junho, julho, agosto, outubro, novembro)
- Micro-ônibus FUP6D23: 5 meses sem circulação (junho, julho, agosto, outubro, novembro)
- Ambulância DDF5119: 3 meses parada (setembro, outubro, novembro)
- Ambulância EEF3135: 3 meses parada
- Van DMN5D28: 3 meses parada
- Ônix FGW5J95: 3 meses parado
- Ônix BRQ7828: 3 meses críticos
- Spin FLV4J83: 2 meses parada
- Micro-ônibus GHB8J87: 2 meses parado
- Ônix ETA7C98: 1 mês parado
- Ambulância DJP8445: ao menos 1 mês parado
Os padrões identificados mostram que, para vários veículos, não houve qualquer registro de deslocamento por períodos sucessivos, mesmo em meses de alta demanda por transporte de pacientes.
Especialistas consultados pela reportagem afirmam que esse cenário, quando não explicado por documentação oficial, indica potencial falha de gestão, seja por falta de manutenção, ausência de planejamento ou priorização inadequada.
ENTRE SAÚDE E SERVIÇOS, UMA FALHA COMPARTILHADA
A frota da Saúde depende da atuação dos mecânicos vinculados à Secretaria de Serviços, não à Saúde. A denúncia aponta que:
- não há cobrança formal de produtividade,
- não há acompanhamento das ordens de serviço,
- veículos de outras secretarias teriam sido atendidos antes das ambulâncias.
Segundo um servidor ouvido sob anonimato:
“Se existem mecânicos e os veículos continuam parados, falta comando, gestão ou transparência.”
Esse descompasso estrutural expõe fragilidade administrativa entre as duas pastas e amplia o desgaste político enfrentado por Tais Chagas Felix.
A RENÚNCIA DE DR. ENIS E A ASCENSÃO DE TAIS CHAGAS FELIX
O médico ortopedista Dr. Enis Wumberto dos Santos foi anunciado como nome técnico da Saúde para 2025, mas renunciou ao cargo meses depois. Sua substituição por Tais Chagas Felix reacendeu o debate sobre influência externa na pasta.
Segundo relatos de bastidores:
- ambos teriam sido indicados por Carlos Alberto Kubota,
- Tais manteria diálogo político direto com o empresário,
- isso explicaria, segundo críticos, a sensação de “blindagem” em torno do cargo.
A reportagem ressalta que não há documentos públicos que comprovem essa relação. Porém, a recorrência dos relatos e a falta de comunicação oficial aumentam a pressão por respostas.
AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO: A SOLUÇÃO QUE NÃO FOI USADA
Caso os mecânicos municipais não deem conta da demanda, a legislação prevê abertura de licitação para manutenção especializada. Entretanto, segundo consulta feita por moradores e vereadores ao Portal da Transparência, nenhuma licitação específica para manutenção da frota da Saúde foi localizada em 2025.
Isso reforça suspeitas de:
- negligência administrativa,
- falta de planejamento,
- ausência de prioridade para serviços essenciais.
MOVIMENTAÇÃO
Após especulações públicas, três veículos teriam sido enviados à oficina AUTOITA – PEÇAS E ACESSÓRIOS na cidade de Itararé em 05/12:
- 1 Doblò
- 1 Ônix
- 1 veículo não identificado
Para servidores, a movimentação tardia indica que os veículos realmente estavam parados.
GOSTARÍAMOS DE SABER DA PREFEITURA
- Por que 18 veículos essenciais à Saúde estariam parados?
- Há controle de produtividade dos mecânicos da Secretaria de Serviços?
- Por que não foi aberta licitação para manutenção?
- Qual é a relação oficial entre Tais Chagas Felix e Carlos Alberto Kubota?
- A Prefeitura confirma reuniões frequentes entre Kubota e integrantes da Saúde?
- Quando a frota estará integralmente disponível para a população?
Nenhuma resposta foi enviada até o fechamento desta edição
A CIDADE COBRA RESPOSTAS
A paralisação documentada de veículos, a sobreposição de responsabilidades entre Saúde e Serviços, a ausência de licitação e a opacidade sobre influências externas formam um conjunto que exige explicações imediatas.
Itararé não vê apenas ambulâncias paradas.
Vê uma gestão fragmentada, comunicação insuficiente e pacientes dependendo de veículos que, segundo documentos analisados, não circulam há meses.
Enquanto não houver transparência, responsabilização administrativa e divulgação de dados oficiais, a garagem da Saúde continuará sendo o símbolo mais visível da crise de gestão que atinge o município.











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